é você, paolo, meu verdadeiro adônis

andreza spinelli ballan
2 min readJun 1, 2023

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quarenta e dois dias depois de desfazer meu casamento, descobri que eu e paolo não nos beijamos porque, apesar de estar em ruínas, o matrimônio sobrevivia. foi neste dia, o dia 42, que paolo inesperadamente disse que "If we were single when you were in Italy, I'd have tried to flirt with you. I’ve thought about it a lot." e nesse instante, eu senti dois sentimentos:

  1. uma felicidade extrema por saber que aquele homem, um verdadeiro adônis, um genuíno napolitano, sentiu por mim algum tipo de desejo sexual;
  2. uma raiva por constatar, finalmente, que a minha viagem à itália, a viagem que guardei para celebrar a chegada dos meus 30 anos, teve a chance de ser lembrada como a história de um breve amor ardente e não foi;

antes de conhecer paolo pessoalmente, eu já tinha a certeza de que ele seria o homem com o qual eu deveria me casar e repensar minha repulsa pela maternidade. paolo é um verdadeiro adônis moderno, um homem inteligente, bem educado, bem humorado e polido. e é justamente esta última característica que me faz imaginar que ele seria o homem certo para mim. o homem que, então, seria capaz de me governar.

eu também sou uma pessoa bem educada e conhecida por meus maneirismos sofisticados. mas ao contrário de paolo, não sou uma mulher polida — e tampouco estou acostumada com homens polidos e sensíveis e sedutores e sutilmente viris. eu estou acostumada com homens inferiores a mim ou com homens que imaginam me impressionar quando se dizem impressionados pela minha excentricidade. posso dizer com certeza: os homens inferiores são apenas inferiores. os homens que pensam me impressionar são inferiores, inocentes e estúpidos. é por isso que os homens inferiores não me incomodam, já que todo e qualquer homem da gaia sempre será inferior.

mas não paolo.

paolo é um verdadeiro adônis, um homem gentil, a melhor história de amor que não vivi.

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