dia 46: três homens que nem sempre, mas quase sempre
no dia quarenta e cinco depois de desfazer meu casamento, trouxe pela primeira vez um homem para a minha casa.
o fato curioso é que menti para este homem e também para o homem que viria em primeiro lugar.
para o homem que viria, fingi ter ficado. para o homem que veio, emulei prioridade.
isso porque apesar de não ser o homem que eu gostaria, algo nele me instigou. é um rapaz de 28 com feição de 36, um tipo larry david jovem, com certo charme, mas sem o excelente senso de humor.
no dia quarenta e seis, com marcas no corpo (de uma transa simples e razoável, apesar de violenta e explícita), esperei uma mensagem dele e senti um terremeto irônico no meu estômago: eu esperava um recado de um homem que eu não queria.
às 20:17 do mesmo dia, o terremoto virou melancolia.
depois, tentando suprir minha ânsia por atenção, apelei ao terceiro, ignacio, meu maior mistério e amor equívoco. ele disse que la gente cree que el amor es ser un pendejor todo el tiempo. discordei respondendo que nem sempre. mas agora acho que sim, quase sempre.